quinta-feira, 6 de maio de 2010

Rasgando meu peito ao meio encontro o coração pulsando, batendo, vermelho. Então, com minhas unhas, entranho o cardíaco e o aperto com toda a força que sai dele. Que sai da minha alma. A raiva que sai da mente. Os pedaços se dissolvem no espaço, eu viro estrela e carne e planeta.
Saio finalmente dessa carcaça e posso ir pra onde der vontade, sem pernas, sem pés, pura poros. Absorvendo tudo. Sendo tudo.
Ah, o vento, as cores, as línguas, a água, a sujeira viscosa e voluptosa da terra, da areia, do roçar com o mar. Sentir o por fora no dentro, e o dentro já junto no por fora, tudo uma coisa só, eu uma coisa só, eu sou o resto e estou em tudo. Sou tudo.

Nas alturas na lava dos vulcões nas placas tectônicas nos peixes a cento e trinta metros de profundidade nos corais esquecidos nas nuvens azuis e nas nuvens cinzentadas nas folhas de papel e nas folhas das árvores nos troncos ancestrais e finalmente eu.

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